segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Autorretrato






Jardim do Éden

(instalação * com bexigas e espelhos)

Alunos de Artes Visuais - 8º.ano C, 9ºs anos D e E


*Instalação
Termo surgido nos anos 70 que representa uma forma às vezes provisória ou efêmera para obras construídas em diversos locais para uma mostra específica. Esses locais pode ser galerias , museus ou instituições e até mesmo a cidade e a Terra (como no caso da Land Art). É uma produção in situ do trabalho, como entidade física. Difere da escultura na autonomia em relação ao meio, do qual é totalmente dependente.

A noção de auto-imagem sempre acompanhou a busca humana de registrar sua passagem pela vida, efêmera por definição. No auto-retrato o artista se expressa, revê suas características físicas e emocionais, sua personalidade e atitude, num jogo entre Bem e Mal, defeitos e qualidades.
Esta instalação é a síntese poética de uma série de aulas em que os alunos ampliaram seu repertório de imagens conhecendo o trabalho de artistas que se utilizaram do auto-retrato em sua obra (desde a Idade Média até os dias de hoje) e pensaram o retrato como relação com a própria identidade, vivenciando o olhar para si mesmo e para o outro, com atenção e percepção.

Os alunos realizaram auto-retratos em papel através dos espelhos e em seguida desenharam seus auto-retratos diretamente no próprio espelho que funcionou como reflexo e como suporte, simultaneamente.

Refletindo sobre defeitos e qualidades, elegeram para si os mais relevantes. Desenharam em bexigas rostos tristes e alegres e observaram a dimensão desta representação através do ato de esvaziar e encher as bexigas, depois de desenhadas.

Complementamos essa reflexão conversando sobre a poesia Traduzir-se de Ferreira Gullar :



TRADUZIR-SE


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?
Ferreira Gullar

A escolha deste lugar específico da Escola para a instalação com os trabalhos dos alunos se deu pela poética e significação do Jardim do Éden.
Várias tradições fazem referências ao Jardim do Éden e ao fruto proibido de diversas maneiras, dentre elas significando o reconhecimento do certo e do errado e o conhecimento adquirido por se alcançar o amadurecimento por experiência.


Prof. Ana Helena Grimaldi
Junho de 2009

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